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     APRESENTAÇÃO

Pela primeira vez no Brasil, a Companhia Satélite leva ao teatro o primeiro romance de um dos maiores autores da Literatura Universal - Fiódor Dostoiévski.

Uma inovadora, original e inédita produção teatral contemporânea com raízes clássicas.
O romance Gente Pobre, escrito quando Fiodor Dostoiévski tinha apenas 25 anos, é um poderoso livro de crônica social, marco de um inicio que seria uma carreira literária retumbante. Duas personagens centrais, um humilde funcionário público e uma costureira que trocam correspondências entre si. Uma caracterização da pobreza, daqueles tempos tenebrosos muitas vezes depois retratados com outras tantas tintas. Em um bairro pobre, adaptado para qualquer São Paulo nos dias atuais, os problemas diários relacionados com a habitação, a comida e o vestuário, e todo o sombrio entorno. O frio e a frieza de uma sociedade que ignora os pobres.  Crítica social contundente, comendo pelas beiradas narrativas. Segundo alguns historiadores, uma das obras que mandou o autor para a cadeia siberiana.
Obra aparentemente sentimental, num entender primário que seja, em narrativa que propositalmente parece ser de simples crônicas, feito trocas de cartas (sentimentos, sonhadores, gente pobre; tristezas retratadas com primor), entre Marcos (Dionisio Neto), um xerocador, e Bárbara (Nathália Falcão), órfã desonrada  mais o subsolo da vida, inflexões, inquietações; a intimidade sagrada da penúria compartilhada. O miniobscuro retratado por miseráveis anônimos, essa gente miúda,  anômalos, entre minitristezas, desavessos, a quase ralé no subúrbio. Cartas-janelas abertas entre escombros de sombras, zombarias, desprezos, toda uma obscuridade material. A agudeza de percepção já então determinante.
A alma das dores reinantes. A alma dos medos. A alma das inquietudes. A humanidade de seu tempo caprichosamente retratada desde a repartição pública viciada, à espelunca encardida frente a uma humilhação sobrevivencial.  Vitimas preenchendo espaços do cenário literal. Gente Pobre é o retrato dessa gente humilde que nutre as injustas sociedades e são a verdadeira alma humana delas todas, de todos os vieses, tempos e ideologias multifacetadas. O humanismo possível? 
Gente Pobre é o romance de estréia da importante obra literária de Dostoiévski, e que o revelou de imediato como escritor de grande futuro, inaugurando um estilo introspectivo psicológico sem igual até o seu tempo histórico. Baseado na correspondência entre duas pessoas extremamente pobres que se amam numa relação terna mas infrutífera, sem perspectiva de consumação, um platônico de beijar paredes, para lembrar Clarice Lispector. Triste narrativa pungente da condição humana em torno desses dois personagens, como vítimas de fatalidades da vida numa sociedade onde poucos conseguem realmente sair do ramerão, e onde muitos se movem numa crueldade austera entre si, forçada pelas inóspitas condições em que vivem. Marcos e Bárbara vivem um amor idílico ensombrado pelo que os circunda (Marcos é muito mais velho que Bárbara), agravando as suas próprias condições a um nível desesperador e quase doentio, mas sempre com alguma perspectiva de esperança fundadas em ilusões muitas das vezes patéticas, algo falsamente ingênuas, ilustrativas, no entanto, ao alcance do coração humano que tudo pode sonhar, sem se importar com as verdadeiras condições em que se encontra, principalmente nessas condições por assim dizer desprezíveis. A percepção no delinear a realidade que então sentia, penava e proseava sobre. Aguda consciência de seu tempo percorre as narrativas trocadas
O retrato social das camadas pobres, numa sociedade agonizante em que até os diferenciados sobrevivem em condições de penúria, então retratados de forma realista com episódios e personagens reveladoras  dos desesperados e dos sem recurso, quase párias. E você vendo esses tempos atuais repetindo o passado, com quadros de dramas sociais e individuais, mais as vítimas de burocracias, desgraças várias, e também o egoísmo ou despotismo, próprios do ser humano pouco ser e ainda muito pouco humano. Nada mudou. Nada mudará?  
Acima de toda a desgraça e pobreza adjacentes, sobrepõem-se as poucas alegrias que justificam a existência e todas as mágoas dela decorrentes, quando momentos sonhados aparecem lampejos cruciais de que os outros não são assim tão maus quanto parecem, tentam sobreviver com as amarras decorrentes do custo de estarem vivos A história de amor não acaba de forma feliz nem infeliz. Não há felicidade ou infelicidade, e sim de uma forma realista que dá ainda mais valor ao romance, com amor e momentos sublimes de pura emoção descritos de forma única, como se não terminasse, sim, talvez até se prolongue através dos tempos, com as vítimas da realidade e dos acontecimentos que forçam os destinos e acabam destemperando momentos e artes, fugas e desencontros, incompletudes e impropriedades. A realidade da vida retratada com maestria e a sabedoria de ter um olhar que paira sobre a triste condição humana, desde esses remotos tempos.

PROPOSTA DE ENCENAÇÃO

A história que se passa num dos bairros miseráveis de São Petersburgo, onde um funcionário de meia-idade vai trocando correspondência com uma jovem costureira que é na realidade a sua vizinha admirável, parece simples assim, triste assim, resgatadora enfim, mas traz o humanismo de coragem, a esperança sustentadora, o retrato de ser simples com contundência. Sim, pobres para se casarem, o amor passa todo por estas cartas onde contam um ao outro os pequenos acontecimentos do dia-a-dia, e onde relatam as suas vidas sofridas, refletindo individualidades quase insignificantes pela miséria, como cartas marcadas de um jogo perdido, como a própria história que é remorso, e que retrata sim, essa GENTE POBRE, que só sobrevive quando uma alma criativa se debruça sobre ela, retratando, dando prismas cênicos, fazendo chorar, tocando corações e mentes, debulhando um ramalhete doloroso de lágrimas e feições humanas, até porque, afinal, por triste que seja, ao término da leitura do clássico Gente Pobre de Fiodor Dostoiévski, você fica com um sentido vazio, um gosto de quero mais, de idílio interrompido, uma tristice pegajenta, um cismar amargo, compreendendo que, sim, em toda vida-livro-aberto, há o imponderável final feliz em que todos morrem. A arte vale a vida, o sentido da vida? Nesse caso, ficou a obra inaugural, um marco, feito o autor depois reconhecido mundialmente e consagrado, e ainda o inevitável e triste retrato da penúria de seres que se entrelaçam mas não se consagram, e nem na verdade consumem o amor que é mesmo sempre por isso quase por um triz.
Dostoiévski: a sentença de ser grande desde o começo. O preço de. A sina de ser genial. O destino de ser considerado para muitos, o maior escritor do mundo, um mito que, já em Gente Pobre vai revelando o artista comprometido com a causa humana: de retratar a sobrevivência possível, a alma humana respirando as sofrências pela perspectiva da esperança como inteligência da vida. Dostoiévski compreendeu mais a alma humana do que a própria alma humana compreendia a si mesma. Com Dostoiévski a lucidez  então emergente no achadouro de entender as essências do subviver, a flor da consciência, o território da contemplação, restaurando nos quadros narrativos a própria busca da dignidade humana. O dialogo entre pobres seres solitários, na miserabilidade pungente de vidas efêmeras, entregues a consciência da incompletude e a ciência que não há final feliz no dezelo humano
A Companhia Satélite propõe-se a apresentar uma adaptação contemporânea do clássico com figurinos atuais, trilha sonora de músicas bregas (universo de Marcos) e pops contemporâneos (universo de Bárbara). Levaremos ao palco personagens minunciosamente estudados e construídos, focando na força do texto e na expressão da humanização dos personagens pelos dois atores, com o mínimo de recursos, exaltando apenas o essencial dramático e levando uma história original, inédita, com forte teor de comunicabilidade com classificação indicativa LIVRE PARA TODOS OS PÚBLICOS.
Com apenas uma mesa e duas cadeiras, poucos e essenciais objetos e recortes de luz expressionistas, GENTE POBRE evoca a força essencial do teatro - dois atores e uma paixão.

SINOPSE

A história passa-se em um bairro muito miserável, onde um funcionário de meia-idade - Marcos (Dionisio Neto) vai trocando correspondência com uma jovem costureira que é na realidade sua vizinha de frente - Bárbara (Nathália Falcão). Mas, demasiado pobres para se casarem, o seu amor passa todo e apenas por estas cartas de dimensão patética, onde contam um ao outro os pequenos acontecimentos do dia-a-dia e onde relatam as suas vidas sofridas, refletindo individualidades tornadas insignificantes pela miséria.
O amor platônico de Marcos por Bárbara é esmiuçado e vivido intensamente até que a chegada de um fazendeiro muda o rumo dos destinos dos personagens rumo à catarse final.

SOBRE A COMPANHIA SATÉLITE - 21 ANOS

A companhia Satélite existe há 21 anos. Sua estréia deu-se com a Trilogia do Rebento (Perpétua, Opus Profundum e Desembestai!) - seu diretor artístico, Dionisio Neto, então com 23 anos foi considerado pela crítica especializada como enfant terrible do teatro brasileiro. Ganhou vários prêmios nacionais e internacionais. Além dos textos de Dionisio Neto, a CS montou clássicos como A CASA DE BERNARDA ALBA, de Lorca, CARTA AO PAI, de Kafka, bem como autores contemporâneos como Walcyr Carrasco (DESAMOR e SEIOS). Foi contemplada por duas vezes como Fomento ao Teatro da Prefeitura de São Paulo (Olerê! Olará! e Os dois lados da Rua Agusta - espetáculo que foi realizado dentro de um ônibis de pelúcia e transformou a mítica rua paulistana em um grande palco. A Companhia ganhou capa do caderno de cultura do THE NEW YORK TIMES com a apresentação americana de Opus profundum, de Dionisio Neto - preêmio de contribuição artística do BluePrint Series Festival sob curadoria do papa do underground novaiorquino - Richard Foreman.

Cronograma

- MÊS 1 - CONTRATAÇÃO DE EQUIPE
INÍCIO DOS ENSAIOS
INÍCIO DE PRODUÇÃO GERAL DO ESPETÁCULO
- MÊS 2 - CONTINUIDADE DOS ENSAIOS E PRODUÇÃO GERAL DO ESPETÁCULO
- MÊS 3 - LANAMENTO E ESTRÉIA DO ESPETÁCULO
- MÊS 4 - CONTINUIDADE DAS APRESENTAÇÕES
- MÊS 5 - FINALIZAÇÃO DAS APRESENTAÇÕES

SOBRE

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                        COMPANHIA SATÉLITE - 21 anos

                                                     orgulhosamente apresenta

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